KUVAN
Este documento é um resumo do Relatório Público Europeu de Avaliação (EPAR). O seu objectivo é explicar o modo como o Comité dos Medicamentos para Uso Humano (CHMP) avaliou os estudos realizados, a fim de emitir recomendações sobre as condições de utilização do medicamento.
Se necessitar de informação adicional sobre a sua doença ou o tratamento, leia o Folheto Informativo (também parte do EPAR) ou contacte o seu médico ou farmacêutico. Se quiser obter mais informação sobre os fundamentos das recomendações do CHMP, leia a Discussão Científica (também parte do EPAR).
O que é o Kuvan?
O Kuvan é um medicamento que contém a substância activa dicloridrato de sapropterina. Encontra-se disponível sob a forma de comprimidos solúveis de cor amarela-clara (100 mg).
Para que é utilizado o Kuvan?
O Kuvan é utilizado no tratamento das hiperfenilalaninemias (HPA, níveis elevados de fenilalanina no sangue) em doentes com as perturbações genéticas fenilcetonúria (PKU) ou deficiência em tetrahidrobiopterina (BH4). Os doentes com estas perturbações não conseguem converter o aminoácido fenilalanina (que se encontra nas proteínas que ingerimos com os alimentos) em tirosina (outro aminoácido). Isto provoca a acumulação de fenilalanina no sangue, o que pode provocar problemas no cérebro e no sistema nervoso.
O Kuvan pode ser utilizado em adultos e em crianças. Este medicamento destina-se a ser utilizado por crianças com HPA devido a PKU com idade igual ou superior a quatro anos. Não foi estudado em crianças com HPA devido a PKU com idade inferior a quatro anos. O Kuvan pode ser utilizado em crianças de todas as idades com HPA devido a deficiência em BH4.
O tratamento com Kuvan só deve ser continuado em doentes que respondam de forma adequada ao medicamento.
Dado o número de doentes afectados por HPA ser reduzido, a doença é considerada “rara”, pelo que o Kuvan foi designado “medicamento órfão” (medicamento utilizado em doenças raras) em 8 de Junho de 2004.
O medicamento só pode ser obtido mediante receita médica.
Como se utiliza o Kuvan?
O tratamento com Kuvan deve ser iniciado e supervisionado por um médico experiente no tratamento da PKU e da deficiência em BH4. A quantidade de fenilalanina e de proteínas na dieta do doente deve ser monitorizada de modo a garantir o controlo dos níveis de fenilalanina no sangue e do equilíbrio nutricional. O Kuvan destina-se a um tratamento de longo prazo.
A dose de Kuvan depende do peso do doente. Os doentes com PKU devem tomar uma dose inicial de 10 mg por quilograma de peso corporal, uma vez por dia, e os doentes com deficiência em BH4 devem começar por receber 2 a 5 mg/kg, uma vez por dia. Após uma semana, a dose pode ser ajustada até 20 mg/kg, uma vez por dia, se os doentes não tiverem respondido ao tratamento. Uma resposta
satisfatória é definida como uma redução nos níveis de fenilalanina no sangue de, pelo menos, 30 % ou até a um nível determinado pelo médico. Se este objectivo for alcançado após um mês, o doente é classificado como “doente com resposta ao tratamento” e pode continuar a tomar o Kuvan.
O Kuvan é tomado com uma refeição, todos os dias à mesma hora, de preferência de manhã. Os comprimidos são dissolvidos num copo de água antes de o doente beber a solução. Para alguns doentes com deficiência em BH4, a dose poderá ter de ser dividida em duas ou três doses ao longo do dia para se obter o devido efeito. O Kuvan deve ser utilizado com precaução em doentes com idade superior a 65 anos e em doentes com problemas no fígado ou nos rins.
Como funciona o Kuvan?
Os níveis elevados de fenilalanina no sangue devem-se a um problema na conversão da fenilalanina em tirosina pela enzima “fenilalanina hidroxilase”. Os doentes com PKU têm versões não funcionais da enzima e os doentes com deficiência em BH4 têm níveis reduzidos de BH4, um “co-factor” necessário à enzima para funcionar correctamente. A substância activa do Kuvan, o dicloridrato de sapropterina, é uma cópia sintética da BH4. Na PKU, actua ao melhorar a actividade da enzima não funcional e, na deficiência em BH4, substitui o co-factor em falta. Isso ajuda a restaurar a capacidade da enzima para converter a fenilalanina em tirosina, reduzindo os níveis de fenilalanina no sangue.
Como foi estudado o Kuvan?
Os efeitos do Kuvan foram testados em modelos experimentais antes de serem estudados em seres humanos.
No tratamento de doentes com PKU, o Kuvan foi estudado em dois estudos principais que compararam o Kuvan a um placebo. Todos os doentes incluídos nos estudos já tinham demonstrado uma resposta a um tratamento inicial de oito dias com o Kuvan. Tinham, no entanto, sido submetidos a um período mínimo de uma semana sem o medicamento antes de os estudos se iniciarem.
O primeiro estudo incluiu 89 doentes com idade igual ou superior a oito anos, que não estavam sujeitos a uma dieta rigorosa. O principal parâmetro de eficácia foi a redução dos níveis de fenilalanina no sangue ao longo de seis semanas.
O segundo estudo incluiu 46 crianças com idades entre 4 e 12 anos, sujeitas a uma dieta de controlo dos níveis de fenilalanina. A partir da terceira semana de tratamento, a dieta foi ajustada de duas em duas semanas, com base nos níveis de fenilalanina no sangue. O principal parâmetro de eficácia foi a alteração da quantidade de fenilalanina que uma criança podia ingerir mantendo os valores de referência da fenilalanina no sangue. O estudo durou 10 semanas.
No tratamento de doentes com deficiência em BH4, a empresa apresentou os resultados de três estudos publicados na literatura científica relativos ao dicloridrato de sapropterina. Um dos estudos incluiu 16 doentes, tratados durante uma média de 15,5 meses.
Qual o benefício demonstrado pelo Kuvan durante os estudos?
No tratamento da PKU, o Kuvan foi mais eficaz do que o placebo. No primeiro estudo, os níveis iniciais de fenilalanina no sangue rondavam os 867 “micromoles por litro”. Os níveis normais rondam os 60 micromoles por litro em pessoas sem PKU. Após seis semanas, verificou-se uma redução dos níveis de fenilalanina em 236 micromoles por litro nos doentes que tomaram o Kuvan e um aumento de 3 micromoles por litro nos doentes a receber placebo. No segundo estudo, as crianças a receber o Kuvan podiam comer, em média, mais 17,5 mg de fenilalanina por quilograma de peso corporal, todos os dias, após 10 semanas, em comparação com as crianças a receber placebo que só podiam comer mais 3,3 mg.
Nos estudos de doentes com deficiência em BH4, estes apresentaram uma melhoria dos níveis de fenilalanina no sangue e de outros marcadores da doença quando estavam a tomar dicloridrato de sapropterina.
Qual é o risco associado ao Kuvan?
Os efeitos secundários mais frequentes associados ao Kuvan (observados em mais de 1 em cada 10 doentes) são dores de cabeça e rinorreia (corrimento nasal). Para a lista completa dos efeitos secundários comunicados relativamente ao Kuvan, consulte o Folheto Informativo.
O Kuvan não deve ser utilizado em pessoas que possam ser hipersensíveis (alérgicas) ao dicloridrato de sapropterina ou a qualquer outro componente do medicamento.
Por que foi aprovado o Kuvan?
O Comité dos Medicamentos para Uso Humano (CHMP) concluiu que os benefícios do Kuvan são superiores aos seus riscos no tratamento de HPA em adultos e doentes pediátricos com PKU e com deficiência em BH4, que tenham apresentado resposta a este tipo de tratamento. O Comité recomendou a concessão de uma autorização de introdução no mercado para o Kuvan.
Outras informações sobre o Kuvan
Em 2 de Dezembro de 2008, a Comissão Europeia concedeu à Merck KGaA uma Autorização de Introdução no Mercado, válida para toda a União Europeia, para o medicamento Kuvan.
O resumo do parecer emitido pelo Comité dos Medicamentos Órfãos para o Kuvan está disponível em http://www.emea.europa.eu/pdfs/human/comp/opinion/24760605en.pdf
O EPAR completo sobre o Kuvan pode ser consultado em http://www.emea.europa.eu/humandocs/Humans/EPAR/kuvan/kuvan.htm
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário